VÍDEO-AULA EM LIBRAS: CONTRIBUIÇÕES DA MULTIMODALIDADE PARA A CONSTRUÇÃO DO DISCURSO VERBO-VISUAL

Autores

  • Eduardo Andrade GOMES UFSC

Resumo

A multimodalidade relaciona-se às diversos e distintos meios de representação em que as mensagens são elaboradas, expostas e registradas em modos verbais e não-verbais. Essa (nova) formatação é proveniente de uma geração de produtores e receptores de informações que conquista, sobretudo, pela tecnologia, a aquisição de materiais como vídeo-aulas. Para estudante surdos, principalmente, esses aparatos necessitam ser articulados em discursos verbais e visuais, ou seja, maneiras em que a língua de sinais, juntamente com elementos imagéticos e diagramáticos, sejam os canais comunicativos capazes de promover sentidos. Por isso, neste trabalho, trechos de uma vídeo-aula em Libras referentes ao conteúdo disciplinar Transportes, da graduação em Engenharia Civil, desenvolvida por uma universidade federal mineira, foram apresentados e analisados objetivando perceber como tais recursos multimodais contribuem para a estruturação do discurso verbo-visual. Constata-se a pertinência em seu uso, bem como sustenta-se um alerta para que os modos sejam alinhados, evitando que causem concorrência visual, o que pode dificultar o acesso significativo das informações pelo público ao qual o material é destinado.

Referências

ALBRES, N. A. Tradução de literatura infantil: entre a construção de sentidos e o uso dos recursos linguísticos. In: III Congresso Brasileiro de Pesquisas em Tradução e Interpretação de Libras e Língua Portuguesa, Universidade Federal de Santa Catarina, 2012.

ALBRES, N. A. Tradução de literatura infanto-juvenil para língua de sinais: dialogia e polifonia em questão. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, v.14, n.4, p.1151-1172, 2014.

ALBRES, N. A. Tradução intersemiótica de literatura infanto-juvenil: vivências em sala de aula. Cadernos de Tradução, v.35, n. especial 2, p.387-426, 2015.

ALBRES, N. A.; COSTA, M. P. P.; ADAMS, H. G. Fios de significação reconhecidos e reorientados no processo de tradução de literatura - Português/Libras. Educação e Fronteiras, v.7, n.19, p.19-35, 2017.

ALVES, T. M. Tradução de literatura infanto-juvenil: autoria e criatividade permeada em texto multimodal. In: ALBRES, N. A. (Org). Libras e sua tradução em pesquisa: interfaces, reflexões e metodologias, 1. ed. Florianópolis: Biblioteca Universitária, p.176-212, 2017.

BARBOSA, V. S.; ARAÚJO, A. D.; ARAGÃO, C. O. Multimodalidade e multiletramentos: análise de atividades de leitura em meio digital. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, v.16, n. 4, p. 623-650, 2016.

BEZEMER, J.; JEWITT, C. Multimodality: A guide for linguists. In: LITOSSELITI, L. (Org). Research Methods in Linguistics (2nd edition). London: Continuum, no prelo.

BISOL, C. A.; VALENTINI, C. B.; SIMIONI, J. L.; ZANCHIN, J. Estudantes surdos no ensino superior: reflexões sobre a inclusão. Cadernos de Pesquisa, v.40, n. 139, p.147-172, 2010.

BRAIT, B. Literatura e outras linguagens. São Paulo: Contexto, 2010.

BRAIT, B. Olhar e ler: verbo-visualidade em perspectiva dialógica. Bakhtiniana: Revista de Estudos do Discurso, v.8, n.2, p.43-66, 2013.

BRASIL. Lei 10.436. Dispõe sobre e a Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 24 de abril de 2002.

BRASIL. Decreto 5.626. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, Diário Oficial da União. Brasília, 22 de dezembro de 2005.

CHAFE, W. L. Discourse, Consciousness and Time: The flow and displacement of conscious experience in speaking and writing. Chicago: University of Chicago Press, 1994.

DAROQUE, S. M.; PADILHA, A. M. L. Alunos surdos no ensino superior: uma discussão necessária. Revista Comunicações, n.2, p. 23-32, 2012.

DIONISIO, A. P. Multimodalidade discursiva na atividade oral e escrita (atividades). In: MARCUSCHI, L. A.; DIONISIO, A. P. (Org.). Fala e Escrita. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

FERRAZ, J. A. A multimodalidade no ensino de Português como segunda língua: novas perspectivas discursivas críticas. Tese de doutorado em Linguística, Universidade de Brasília, Brasília, p.200, 2011.

FIGUEIREDO, L. C.; GUARINELLO, A. C. Literatura infantil e a multimodalidade no context de surdez: uma proposta de atuação. Revista Educação Especial, v.26, n.45, p.175-193, 2013.

FILATRO, A. Design Instrucional na Prática. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2008.

FOMIN, C. F. R. A autoria de tradutores intérpretes de Libras/Português em espetáculos teatrais. Translatio, n.15, p.57-81, 2018.

GOMES, C. R.; SILVA, J. P.; SOUZA, R. C. S. Educação inclusiva de estudantes surdos na Universidade Federal de Sergipe. Revista Docência Ensino Superior, v.8, n.1, p.61-76, 2018.

GOMES, E. A.; SOUZA, V. C. A. Uma nova Inclusão para um novo tempo de aprendizagens: (Re)pensando a construção do conhecimento científico no contexto da Educação dos Surdos. XII Congresso Internacional e XVIII Seminário Nacional do INES - A Educação de Surdos em países de Língua Portuguesa. v. 1, p.661-666, Rio de Janeiro, 2013.

GUALBERTO, C.; KRESS, G. ‘Social Semiotics’: chapter in the International Encyclopedia of Media Literacy, edited by Renee Hobbs and Paul Mihailidis, NY: Wiley-Blackwell, 2018.

GUARINELLO, A. C. O papel do outro na escrita de sujeitos surdos. São Paulo: Plexus, 2007.

HERRMANN, A. The marking of information structure in German Sign Language. Elsevier, p.277-297, 2015.

JEWITT, C. Multimodality, ‘‘Reading’’, and ‘‘Writing’’ for the 21st Century. Discourse: studies in the cultural politics of education. v.26, n.3, p. 315-331, 2005.

JEWITT, C. The routledge handbook of multimodal analysis. London: Routledge, 2009.

KOTAKI, C. S.; LACERDA, C. B. F. O intérprete de Libras no contexto da escola inclusiva: focalizando sua atuação na segunda etapa do ensino fundamental. In: LACERDA, C. B. F.; SANTOS, L. F. (Org.). Tenho um aluno surdo, e agora?: Introdução à Libras e educação de surdos. São Carlos: EdUFSCar, p.201-218, 2013.

KRESS, G. Literacy in the New Media Age. London: Routledge, 2003.

KRESS, G.; VAN LEEUWEN, T. Reading Images: The Grammar of Visual Design. London; New York: Routledge, 2006.

KRESS, G. Multimodality: a social semiotic approach to contemporary communication. New York: Routledge, 2010.

LACERDA, C. B. F. Intérprete de Libras: em atuação na educação infantil e no ensino fundamental. Porto Alegre: Mediação/FAPESP, 2009.

MARTINS, D. A.; LEITE, L. P.; LACERDA, C. B. F. Políticas públicas para acesso de pessoas com deficiência ao ensino superior brasileiro: uma análise de indicadores educacionais. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v.23, n.89, p.984-1.014, 2015.

MIRANDA, I. M.; MOURÃO, V. L. A.; GEDIEL, A. L. B. As tecnologias da informação e comunicação (tics) e os desafios da inclusão: a criação de aulas sinalizadas no contexto do ensino superior. Periferia: educação, cultura &comunicação, v.9, n.1, p.243-262, 2017.

MORTIMER, E. F.; QUADROS, A. L.; SILVA, A. C. A.; SÁ, E. F.; MORO, L., SILVA, P. S.; MARTINS, R. F, PEREIRA, R. R. Interações entre modos semióticos e a construção de significados em aulas de ensino superior. Revista Ensaio. v.16, n.3, p.121-145, 2014.

MOURA, A. F. Acesso ao ensino superior: a expectativa do aluno surdo do ensino médio. Dissertação de mestrado em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem, Universidade Estadual Paulista, Bauru, p.107, 2016.

NASCIMENTO, M. V. B. Interpretação da Língua Brasileira de Sinais a partir do gênero jornalístico televisivo: elementos verbo-visuais na produção de sentidos. Dissertação de mestrado em Língua Aplicada e Estudos da Linguagem. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, p.148, 2011.

NASCIMENTO, M. V. B. Formação de intérpretes de Libras e Língua Portuguesa: encontros de sujeitos, discursos e saberes. Tese de doutorado em Língua Aplicada e Estudos da Linguagem. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, p.318, 2016.

NOGUEIRA, A. S. Práticas de letramento multimodais em ambiente digital: uma possibilidade para repensar a educação de surdos. Revista Intercâmbio, v.XXVIII, p.19-45, 2014.

PEREIRA, M. C. C. O ensino de português como segunda língua para surdos: princípios teóricos e metodológicos. Educar em Revista, n.2, p.143-157, 2014.

QUADROS, R. M.; KARNOPP. L. B. Língua de Sinais Brasileira: Estudos Linguísticos. Porto Alegre, 2004.

QUADROS, R, M. Language policies and sign languages. In: JAMES, W. Tollefson and Pérez-Milans (Org.). The Oxford Handbook of Language Policies and Planning. 1ed. New York: Oxford University Press, v. 1, p. 422-466, 2018.

RODRIGUES, V. O. L. Os direitos linguísticos no ensino de surdos no brasil: uma valorização de línguas?. Cadernos de Letras da UFF: Dossiê- Línguas e culturas em contato, n. 53, p.343-358, 2017.

SANTOS, Z. B.; PIMENTA. S. M. O. Da semiótica social à multimodalidade: a orquestração de significados. Cadernos de Semiótica Aplicada, v.12, n.2, p. 295-324, 2014.

SEVERO, C. G. Política(s) linguística(s) e questões de poder. Alfa, v.57, n.2, p.451-473, 2013.

SILVA, D. S.; QUADROS, R. M. Mapeamento das línguas de sinais emergentes e de comunidades isoladas encontradas no Brasil. In: VI Congresso Nacional de Pesquisa em Linguística e Libras, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, p.1-12, 2018.

SOUZA, A. L. S.; JÚNIOR, J. T. O uso de tecnologias (tic) na produção de material didático bilíngue Libras/Português na Universidade Federal de Viçosa. Revista Forum, n.33, p.92-109, 2016.

SOUZA, M. M. A proxêmica e a exclusão social. Revista Percursos, v. 10, n.2, 2009.

SPOLSKY, B. What is language policy? In: SPOLSKY, B. (Org.). The cambridge handbook of language policy. Cambridge: Cambridge University Press, p. 3-15, 2012.

Downloads

Edição

Seção

Artigos