UM VAZIO PREENCHIDO DE POESIA: HIÂNCIA E ERRÂNCIA COMO MATÉRIAS POÉTICAS NO SIGNO SAUSSUREANO

Autores

  • João Flávio de ALMEIDA

Resumo

Para a Análise do Discurso de linha francesa, a língua é concebida como materialidade do discurso. Esse pressuposto é uma das heranças do marxismo dentro dos escritos de Pêcheux (2008; 2009), e coloca em questão noções milenares como “matéria”, “materialidade” e “materialismo”. Contudo, as concepções contemporâneas de matéria podem coagular a maneira com que marxistas e analistas do discurso pensam a ideia de materialidade, o que nos exigiria alguma revisão conceitual. Partindo de Saussure (2006), o objetivo deste artigo é analisar a hiância e o vazio enquanto forças que habitam o âmago do signo, propondo uma noção de materialidade pautada muito mais pela ausência e pela hiância que pela presença corpórea. Tal vazio operante é o que chamamos, aqui, de “matéria poética” do signo, da língua e do discurso.

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