ACHO QUE É UMA GRIPEZINHA: CONSTRUÇÕES LINGUÍSTICAS COMO PISTAS DE ATITUDES EM TEMPOS DE PANDEMIA

Autores

  • Raquel Meister Ko. Freitag
  • Paloma Batista Cardoso
  • Bruno Felipe Marques Pinheiro

Resumo

Neste texto, discorremos sobre o uso dos diminutivos gripezinha e resfriadinho, bem como o uso do modalizador epistêmico acho que como pistas de atitudes e julgamentos de brasileiros sobre a pandemia causada pelo coronavírus. Por meio da análise da sua constituição e do uso, demonstramos como estas construções linguísticas indicam sentidos, atitudes e posições distintas decorrentes da sua polissemia intrínseca à língua, e como a ambiguidade gerada por estes itens linguísticos é utilizada intencionalmente para construir uma posição de descomprometimento perante a crise causada pelo COVID-19 no Brasil.

Referências

ALONSO, A. Noción, emoción, acción y fantasía en los diminutivos. Madrid: Gredos, 1951.

ALLPORT, G. H. Attitudes. In: MURCHINSON, C. (ed.). Handbook of Social Psychology. Worcester, MA: Clark University Press, 1935 (p.119-157) .

BRASIL. Tem dúvidas sobre o coronavirus? O Ministério da Saúde te responde. Ministério da Saúde: Brasil, 2020. Disponível em: encurtador.com.br/Ncdkp. Acesso 12 de jun de 2020.

BECHARA, E. Moderna Gramática Portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

BONINGER, D. S.; BERENT, M. K.; KROSNICK, J. A. Origins of attitude importance: Self-interest, social identification, and value relevance. Journal of Personality and Social Psychology, vol. 68, n. 1, p. 61-80, 1995.

BYBEE, J.; FLEISCHMAN, S. (ed.). Modality in grammar and discourse. John Benjamins Publishing, 1995.

BYBEE, J. Língua, uso e cognição. Trad. Maria Angélica Furtado da Cunha. São Paulo: Cortez, 2016.

CASTILHO. A. Nova gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2010.

CASTRO, J. Coronavírus: não acho que existe risco de rebelião, diz juiz da VEP sobre proibição de visitas em presídios do Rio. O Globo, 2020. Disponível em: encurtador.com.br/txLNP. Acesso em: 18 de mai. de 2020.

CHAIKEN, S.; WOOKD, W.; EAGLY, A. H. Principles of persuasion. In: HIGGINS, E. T.; KRUGLANSKI, A. W. (ed.). Social psychology: Handbook of Basic Principles. New York: Gilford, 1996 (p. 702-742).

CUNHA, C. F.; CINTRA, L. Nova gramática do Português contemporâneo. Rio de. Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

CUNHA, M. A. F.; OLIVEIRA, M. R.; VOTRE, S. A interação sincronia/diacronia no estudo da sintaxe. D.E.L.T.A., São Paulo, vol. 15, n. 1, p. 01-22, 1999.

COWLING, J. ALI, S. T; WYNG, T.; TSANG, T; LI, J. C. M.; FONG, M. W. Impact assessment of non-pharmaceutical interventions against coronavirus disease 2019 and influenza in Hong Kong: an observational study. The Lancet Public Health, vol, 5, n. 5, p. 279-288, 2020.

DOOB, L. W. The behavior of attitudes. Psychological review, vol. 54, p. 135-156, 1947.

EKAMN, P. An argument for basic emotion. Cognition and emotion, London, vol. 6, n. 3-4, p. 169-200, 1992.

EKMAN, P. Basic Emotions. In: DALGLEISH, T.; POWER, T. (orgs.). The Handbook of cognition and emotion, Sussex: John Wiley & Sons, 1999 (p. 45-60).

FREITAG, R. M. K O papel da freqüência de uso na gramaticalização de acho (que) e parece (que) marcadores de dúvida na fala de Florianópolis. Veredas - Revista de Estudos Linguísticos, v. 7, n. 1 e 2, p.113-132, 2003.

FREITAG, R. M. K. É o que?: estratégia de interação ou sequenciação. Estudos Linguísticos, v. 39, n. 1, p. 157-166, 2010.

FREITAG, R. M. K. “Mudar para variar”,“variar para mudar”–tratando da variação e mudança de acho (que) e parece (que) parentéticos epistêmicos na fala de Florianópolis. Fórum Linguístico, v. 4, n. 1, p. 81-113, 2007.

FREITAG, R. M. K; LIMA, M. E. O; SILVA, L. S.; SOUZA, V. R. A. O uso da língua para a discriminação. A Cor das Letras, v. 21, n. 1, p. 185-207, 2020.

GIVÓN, T. English grammar: A function-based introduction. Amsterdan/New York: John Benjamins Publishing, 1993.

LAMBERT, W. W.; LAMBERT, W. E. Psicologia social. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1972.

LIRA, L. Gráfico que relaciona os casos de coronavírus no Brasil com falas de Bolsonaro viraliza no whatsapp. UOL, 2020. Disponível em: encurtador.com.br/befjD. Acesso em: 11 de Jun. de 2020.

MANIR, M. Coronavírus pode ser só ‘ensaio’ de uma próxima grande pandemia. BBC NEWS, 2020. Disponível em: www.bbc.com/portuguese/geral-52389645. Acesso em: 18 de mai. de 2020.

MENDES, R. B. Diminutivos como Marcadores de Sexo/Gênero. Revista Linguística, Rio de Janeiro, vol. 8, n. 1, p. 113-124, 2012.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Relatórios oficiais do Coronavirus (2019-nCoV). Rio de janeiro, vol. 1. n. 21, 2020. Disponível em: encurtador.com.br/diI14. Acesso em 12 de jun de 2020.

TRAUGOTT, E. C.; DASHER, R. B. Regularity in semantic change. Cambridge: University Press, 2004.

TUCHLINSKI, C. Idosos e coronavírus: quando a idade e a ameaça viral causam ansiedade e Sofrimento. O Estado de São Paulo, 2020. Disponível em: encurtador.com.br/fktDZ. Acesso 18 de mai. de 2020.

THURSTONE, L. L. The measurement of social attitudes. In: FISHBEIN, M. (org.). Readings in Attitude Theory and Measurement. New York: Wiley, 1931. p. 14-25

NEIVA, E.R.; MAURO, T.G. Atitudes e mudanças de atitudes. In: C.V.TORRES; E.R. NEIVA. Psicologia social: principais temas e vertentes. Porto Alegre: Artmed, 2011 (p.171-197).

RIO-TORTO, M. Formação de palavras em português: aspectos da construção de avaliativos. 1993. 992f. Tese (Doutoramento em Letras) – Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal, 1993.

ROCHA, L. C. de. Estruturas Morfológicas do português. Belo Horizonte: UFMG, 1998.

ROCHA LIMA, C. H. da. Gramática normativa da língua portuguesa. 32 e.d. Rio de Janeiro: José Olympio, 1992.

SCHACHTER, S.; SINGER, J. Cognitive, social, and physiological determinants of emotional state. Psychological review, vol. 69, n. 5, p. 379-399, 1962.

SCHERE, K. R. Expression of emotion in voice and music. Journal of voice, Philadelphia, vol. 9, n. 3, p. 235-248, 1995.

SILVA, A. S. A estrutura semântica do diminutivo em português. Revista Portuguesa de Filologia, Coimbra, vol. 25, n. 1, p. 485-509, 2006.

SKORGE, S. Os sufixos diminutivos no português. Boletim de Filologia, Lisboa, vol. 16, n. 1-2, p. 50-90, 1957.

VILLALVA, A. Estruturas Morfológicas: unidades e hierarquias nas palavras do português. Rio de Janeiro: Fundação Calouste Gulbenkian, 2000.

Downloads

Publicado

2020-09-01