A DESNATURALIZAÇÃO DOS DISCURSOS E A LÓGICA DO ABSURDO EM MACHADO DE ASSIS

Autores

  • Rodrigo Silva TRINDADE IFSP

Resumo

O presente trabalho consiste na análise dos contos Ideias de canário (1895) e Jogo do bicho (1904), e duas crônicas da série “A semana”, de Machado de Assis. Uma crônica e um conto problematizam o cientificismo bastante em voga no final do século XIX; o outro par versa sobre o jogo do bicho. O objetivo é o de demonstrar a recorrência de procedimento empregado por Machado de Assis, que consiste na exploração das temáticas propostas através da extrapolação da realidade e consequente construção de um universo absurdo, quase inverossímil, no qual se encontra o potencial crítico do texto. Este será diretamente responsável pela reflexão de segundo nível que o autor propõe tanto nas crônicas quanto nos contos, alcançando o efeito final da desnaturalização dos discursos bem assentados na esfera pública. A escolha de dois gêneros distintos se presta a verificar a inserção dos textos em um projeto mais amplo e coerente do escritor, bem como perceber as nuances das articulações realizadas na reelaboração das estruturas que compõem a sua obra. O referencial teórico que articulamos na análise do objeto literário é composto pelos estudos de Silviano Santiago, Lúcia Granja e Umberto Eco.

Referências

ASSIS, Machado de. A Semana: crônicas (1892-1893). São Paulo: Editora Hucitec, 1996. Edição, introdução e notas de John Gledson.

______. Machado de Assis: obra completa em quatro volumes. 3. ed. São Paulo: Editora Nova Aguilar, 2015. 4 v. Organização editorial Aluizio Leite, Ana Lima Cecilio, Heloisa Jahn.

ECO, Umberto. Seis passeios pelos bosques da ficção. São Paulo: Companhia das Letras, 2017. 13a reimpressão.

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