ULISSES ÀS AVESSAS: AS MUITAS VOZES E POUCAS MÁSCARAS DO CARNAVAL OBSCURO DA MENTE HUMANA

Autores

  • Eduarda Matta UFPR

Resumo

Ulisses , de James Joyce, é um livro formado a partir de pastiches, colagens, tanto no que
diz respeito à linguagem, como nas referências e técnicas narrativas. E se a estrutura do romance
é assim, a constituição do eu dos seus personagens também o é. Ele se forma a partir de pedaços
dos outros, e pelos olhos do outro. Sendo assim, a obra possui vários pontos de vista, estes que
são formas distintas de discorrer sobre seus mistérios centrais, e que são fundamentalmente
relacionais. Procurou-se, então, de maneira bem breve e objetiva, estabelecer uma relação entre
essa multiplicidade de olhares e de vozes presentes no romance com a teoria da polifonia, de
Mikhail Bakhtin, como também ao conceito de carnavalização deste mesmo autor. Cabe lembrar
que a preocupação maior deste artigo está focada nas mensagens dos próprios episódios, sendo
meu objetivo com a aplicação das teorias de Bakhtin propiciar um olhar a mais para essas leituras.
Para a análise, utilizarei dois episódios em específico: Nausícaa e Circe, escolhas justificadas pelas
suas singulares vozes e possível aplicação das teorias bakhtinianas. A relação eu - outro presente
nos estudos de Bakhtin, se aplicado a
Ulisses , torna-se, por assim dizer, um problema. Quanto
mais fragmentados estão os eu’s do romance, mais similaridades eles possuem, formando algo
maior, e transcendente.  

Referências

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releitura da narrativa brasileira. Dissertação de Mestrado em Letras – PUC-Pelotas, 2000.

Disponível em: <http://www.ucpel.tche.br/poslet/dissertacoes/

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<http://www.abralic.org/anais/cong2008/AnaisOnline/simposios/pdf/072/MARCELO_FRANZ.pdf.

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MORSON, Gary Saul; EMERSON, Caryl. Prosaística e a linguagem do romance. In:______. Mikhail

Bakhtin: criação de uma prosaística. São Paulo: Edusp, 2008.

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Publicado

2015-08-24