A REVISTA NOVA ESCOLA E A INCLUSÃO SOCIAL: O (NÃO) LUGAR DA EDUCAÇÃO FORMAL

Autores

  • Maria Roseli Castilho Garbossa UNIOESTE-PR

Resumo

O presente trabalho visa verificar, a partir da perspectiva teórica da Análise de Discurso de
orientação francesa (AD), a concepção de inclusão social do aluno com necessidade educacional
especial (ANEE) construída pela revista Nova Escola. A revista foi escolhida como objeto de estudo
por se tratar de uma publicação representativa na área educacional, já que desde sua criação, em
1986, é editada mensalmente pela Fundação Victor Civita, entidade mantida pelo Grupo Abril.
Amparada no juridismo da lei e na “cientificidade” da pedagogia, a Nova Escola apresenta-se como
conhecedora dos problemas educacionais, legitimando-se como espaço da verdade e do bem
comum e, em decorrência, autodeclarando-se competente para mostrar ao professor o que deve
ser feito para que a inclusão do ANEE aconteça no ensino regular. Ao produzir, sustentar e
propagar a sua crença de inclusão como tolerância, solidariedade e socialização, a revista silencia
outros discursos que, na verdade, significam por sua ausência, já que os efeitos de sentido se dão
no confronto entre o dito e o não-dito. Nessa perspectiva, a partir do que permite o dispositivo
teórico-metodológico da AD, propomo-nos a analisar as materialidades discursivas da revista, a
fim de compreendermos o funcionamento da linguagem, que põe em relação sujeitos e sentidos
afetados pela língua e pela história. Para a realização do trabalho, recortamos para a análise,
sequências discursivas de sete edições da revista Nova Escola (setembro/2003, maio/2005,
outubro/2006, outubro/2006 (edição especial), julho/2009 (edição especial), dezembro/2009 e
agosto/2011). A pesquisa está fundamentada principalmente nos estudos de Pêcheux (2009,
2010), Orlandi (1997, 2007), Possenti (2009) e Mariani (1998, 2005)

Referências

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Publicado

2015-08-24