RUPTURA E EXPERIMENTAÇÃO: PASSEIO AO FAROL DE VIRGINIA WOOLF

Autores

  • Giancarlo Moreira MOREIRA UENP

Resumo

Sistematização da forma, representação da totalidade coletiva, distanciamento dos detalhes cotidianos da vida, são algumas das características comuns dos grandes gêneros da literatura. Estes foram consagrados por alguns estudiosos da antiguidade como Aristóteles e Horácio, que em suas poéticas formularam as bases constituintes destes gêneros. Porém, haverá um gênero que será considerado indigno pela sua forma e representação. Este gênero é o romance.

Como o romance não seguiu a tradição clássica de forma e conteúdo das antigas poéticas, como a epopeia e a tragédia, ele teve a liberdade de desenvolver-se livremente, o que lhe possibilitou uma variedade de figurações traços estilísticos ao longo dos tempos. Desta forma, o romance se tornou um gênero cuja configuração não é envelhecida nem calcificada, mas “camaleônica, conforme afirma Bakhtin (1988). Trata-se duma forma artística que sempre estará mudando e representando impasses sociais e históricos do homem. Neste estudo, será discutida esta visão a respeito do romance como gênero em devir, uma configuração que não está pronta, mas que muda e se renova ao passo que a humanidade se transforma.

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